segunda-feira, 29 de setembro de 2014

1. Em que consiste o primado do acto de amor?

                                                                                         Capitulo I

O ACTO DE AMOR E OS ACTOS DE AMOR

1. Em que consiste o primado do acto de amor?
      1. O acto de amor participa da proeminência soberana da virtude teologal da caridade, rainha de todas as virtudes enquanto sustenta, vivifica e aperfeiçoa todas as outras (1). A fé e a esperança são irmãs da caridade mas acabam à porta da eternidade, porque a fé é sustituida pela visão e a esperança pela posse; só o amor entra e alcança a plenitude no Céu (2).
      2. O acto de amor é também o mais santificante, porque mais directamente e mais intimamente nos une a Deus, santidade infinita (3).
        3. Pelo mesmo motivo, o acto de amor é também o mais apostolicamente fecundo em ordem à salvação das almas (4)

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        1 . Cf. SAO GREGÓRIO MAGNO, Hom. XXVI: PL 76, 1204-1210: " Como os ramos de uma árvore procedem todos de uma só raiz, assim também todas as virtudes são geradas pelo amor."
        2. Cf. 1Cor 13, 8.13: "O amor jamais passará. Agora permanecem estas três coisas: a fé, a esperança e o amor, mas a maior de todas é o amor." 2Cor 5,7: "(Agora) Caminhamos pela fé e não pela visão." Rm 5,2: "Gloriamo-nos na esperança da glória de Deus." Hb 11,1 "Ora a fé é garantida das coisas que se esperam e certeza daquelas que não se vêem." No seu livro II Padre, F. X. Durrwell escreve assim: "Seja como for, as três virtudes permanecem e não apenas a caridade. A caridade é a maior das três, porque contém as outras; mas, um dia, absorvê-las-á sem, contudo, as suprimir. A fé atingirá a perfeição do seu acolhimento do dom de Deus, e a esperança será fixada para sempre no cume do desejo satisfeito" (Ibid., E. Città Nuova, Roma 1995, p. 100, nº 52). Cf. também: CH. A. BERNARD, Teologia Spirituale, Ed. San Paolo, Milão 1997, pp. 142-163.
       3. Cf. Jo 12, 23: "Se alguém me tem amor, há-de quardar a minha palavra; e o meu Pai o amará e Nós viremos a ele e nele faremos morada." 1Jo 4, 16: "Deus é amor e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele."
       4. Cf. Jo 15,5: "Quem permanece em mim e Eu nele dá muito fruto." Trata-se das "obras dignas da conversão"(Lc 3,4) que obtém ou produzem a graça em si mesmo ou no próximo, "a fim de produzirmos frutos para Deus (Rm 7,4), isto é, frutos de vida. São Francisco recomendava assim: "Alem disso, façamos frutos dignos de penitência" (Carta a todos os fieis: FF 190). É do fruto de Francisco penitente, escreve São Boaventura: "A partir de então, a vinha de Cristo (= a Igreja) começou a produzir ramos perfumados peolo bom odor do Senhor e frutos abundantes com as flores suaves de graça e de santidade" (Legenda Maior, FF 1072). São João da Cruz afirma: "É, na verdade, mais precioso diante do Senhor e da alma e de maior proveito para a Igreja um bocadinho de puro amor do que todas as outras obras juntas" (Cântico Espiritual B, estrofe 28).